Coraline (2009)
Coraline, uma garota aventureira, se muda para uma pensão cercada de vizinhos estranhos. O tédio a faz explorar a antiga casa até que encontra uma passagem para outro mundo aparentemente perfeito. Aparentemente.
O filme é uma adaptação da obra homônima de Neil Gaiman (2002). A direção é de Henry Selik (O estranho mundo de Jack,1993; James e o Pêssego Gigante,1996), e estamos falando de um mestre quando o assunto é Stop Motion. Contrapondo a leveza de uma rotina entediante com o lado sombrio das ingenuidades de uma criança temos um aventura temerosa travestida de filme infantil.
A iluminação em penumbra sugere um clima degradante e umbroso ao longo de toda a trama. O escuro está sempre presente como um elemento indispensável da história. Aqui é explorado dois formatos de medo para o telespectador: O medo visual, primeiramente vindo dos olhos de botão dos habitantes do outro mundo, e o medo sugestivo, que seria o receio da garota em estar abandonada pelos pais reais. São bem abordados e nos fazem pensar de que não são preocupações infantis, é tudo real e intenso. Apesar de ser representado através de uma animação o filme não é só para crianças.
Os personagens são memoráveis (cada um à sua loucura) e não são meros fantoches do roteiro. Eles têm sua história e nos convencem de cada frase e atitude, tentando ajudar Coraline da maneira que se dispõem.
Foram compostas dez músicas para o filme, que transitam entre a melancolia, o senso aventureiro e agonia. É bem alinhada com as situações visuais, que estão maravilhosamente bonitas.
Sentimos uma falta de um ponto de virada mais marcante no terceiro ato, causando uma leve impressão de ``Já acabou?´´, mas nada que não possa ser contornado pelo desfecho redondo.
Coraline é um filme família e sombrio, que pode ser assistido por qualquer um e entendido de inúmeras maneira diferentes graças a sua subjetividade e ambiguidade interpretativa.