Chappie (2015)
Imagine se robôs pudessem ajudar a polícia a combater bandidos e reduzir consideravelmente a criminalidade. Máquinas perfeitas de combate urbano desenvolvidos com um único propósito. Como se já não bastasse, adicione sentimentos, consciência e vida a um desses andróides e deixe-o cair na mão de criminosos. Vamos ver aonde isso pode chegar.
Dr. Deon Wilson (Dev Patel) é o desenvolvedor dos robôs patrulheiros e pretende dar um passo adiante em seu projeto ao tentar inserir consciência nas máquinas. O projeto é recusado, mas mesmo assim, Deon segue em frente, tendo seu robô sequestrado por uma gangue de bandidos. Vincent Moore (Hugh Jackman) é o cientista responsável por outro projeto de máquinas de segurança pública e vê nessa situação uma oportunidade para levar seu robô (mais mortal e destrutivo) às ruas.
A produção Sul-Africana, baseada no curta Tetra Vaal, nos injeta ação nos primeiros quinze minutos de tela. A qualidade, tanto dos efeitos especiais quanto da direção, merecem seus créditos. É muito bem feito. A partir daí o filme procura inserir questões existencialistas. "O que é consciência? O que sou eu? O que é vida?". A passagem é rasa o que deixa questões no ar ao mesmo tempo que perde uma boa oportunidade de se aprofundar e deixar o enredo mais denso. No segundo ato, vemos o desenvolvimento de Chappie, aprendendo a ser um ladrão da maneira mais inocente possível. É interessante ver os degraus que o andróide sobe e as conclusões que ele chega por conta própria, exatamente como uma criança. É impossível não se apaixonar pela sua personalidade. O terceiro ato vira o jogo mais uma vez, trazendo à tona sentimentos fortes e beira o Gore. Você vai se questionar algumas vezes: "Que tipo de filme estou vendo, afinal?''
O diretor Neil Blomkamp está em casa quando o assunto é distopia, tendo trabalhado em filmes como Distrito 9 e Elyseum. Quanto a esse quesito, o dedo de Blomkamp é bem visível na obra destacando o contraste da alta tecnologia com a baixa qualidade de vida.
Os personagens são caricatos, representando apenas aquilo que se espera deles. Com destaque para Hugh Jackman, lembrando-nos de Wolverine em qualquer momento de fúria. Apesar da unidimensionalidade, cada um usa o seu papel para que o roteiro siga em frente.
Chappie é um filme que troca sua abordagem constantemente. Têm personagens caricatos e não apresenta nada de novo para o universo da ficção científica. Mas é divertido. Muito divertido.
Nota: 7,2